11 abril 2010

Tropeço

Sabem como é sentirem-se como se vos tirassem o tapete de baixo dos vossos pés? Pior, como se ao fim de milhares de metros a andarmos descalços em solo nu, descobríssemos que existia um manto que cobrisse o chão. Damos alegremente passos nesse manto saltamos e saltitamos a experimentar a sensação. Eis senão quando um enorme safanão nos arranca o tapete e nos faz cair de costas e rebolar metros e metros na direcção oposta à que vamos. Mas só que quando nos tentamos levantar, e limpar de toda a poeira reparamos que onde apoiámos os pés para nos levantar não foi de todo o melhor sítio. Um dos pés mantém-se suspenso no ar, por cima de uns deliciosos degraus, e por acção do Peso, o pé desce no ar e o Corpo tomba escadas abaixo para se estatelar num qualquer andar mais abaixo. Todo o Mundo olha mas poucos o vêem e os que vêem estão trancados do lado de fora da porta que dá acesso a esta casa. E os que vêem gritam, e os que vêem tentam avisar quem pode ajudar. Quem pode ajudar ouve. Quem pode ajudar viu. Quem pode ajudar afasta-se lentamente como se nada fosse com ele e senta-se refastelado num cadeirão de veludo desprovido de razão.

Mas, felizmente, o Corpo ainda respira.

2 comentários:

mel.e.drama disse...

Hunf. Benditos sejam os dias em que não assistimos ou ouvimos variações dessa mesma história.

Rita Graça disse...

Podemos deduzir da política portuguesa que esses cadeirões de veludo têm sempre uma perna falsa. Agora é esperar que ela se parta. A pessoa nele sentada eventualmente irá cair em si.

Just wait...