Sabem como é sentirem-se como se vos tirassem o tapete de baixo dos vossos pés? Pior, como se ao fim de milhares de metros a andarmos descalços em solo nu, descobríssemos que existia um manto que cobrisse o chão. Damos alegremente passos nesse manto saltamos e saltitamos a experimentar a sensação. Eis senão quando um enorme safanão nos arranca o tapete e nos faz cair de costas e rebolar metros e metros na direcção oposta à que vamos. Mas só que quando nos tentamos levantar, e limpar de toda a poeira reparamos que onde apoiámos os pés para nos levantar não foi de todo o melhor sítio. Um dos pés mantém-se suspenso no ar, por cima de uns deliciosos degraus, e por acção do Peso, o pé desce no ar e o Corpo tomba escadas abaixo para se estatelar num qualquer andar mais abaixo. Todo o Mundo olha mas poucos o vêem e os que vêem estão trancados do lado de fora da porta que dá acesso a esta casa. E os que vêem gritam, e os que vêem tentam avisar quem pode ajudar. Quem pode ajudar ouve. Quem pode ajudar viu. Quem pode ajudar afasta-se lentamente como se nada fosse com ele e senta-se refastelado num cadeirão de veludo desprovido de razão.
Mas, felizmente, o Corpo ainda respira.
2 comentários:
Hunf. Benditos sejam os dias em que não assistimos ou ouvimos variações dessa mesma história.
Podemos deduzir da política portuguesa que esses cadeirões de veludo têm sempre uma perna falsa. Agora é esperar que ela se parta. A pessoa nele sentada eventualmente irá cair em si.
Just wait...
Postar um comentário